segunda-feira, 28 de abril de 2008
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Da série: "que que cê tá lendo aí?"
'
Quem se eu gritasse, me ouviria pois
Entre as ordens dos anjos?
E dado mesmo que me tomasse
Um deles de repente em seu coração,
eu sucumbiria ante sua existência mais forte.
Pois o belo
não é senão
o início do terrível,
que já a custo suportamos,
E o admiramos tanto
porque ele tranqüilamente
desdenha destruir-nos.
Cada anjo é terrível.
E assim me contenho pois,
e reprimo o apelo de obscuro soluço.
Ah! A quem podemos recorrer então?
Nem aos anjos nem aos homens,
E os animais sagazes logo percebem
Que não estamos muito seguros
No mundo interpretado.
Resta-nos talvez
Alguma árvore na encosta
que diariamente possamos rever.
Resta-nos a rua de ontem
E a mimada fidelidade de um hábito,
Que se compraz conosco e assim fica e não nos abandona.
Ó e a noite, a noite, quando o vento cheio dos espaços do mundo desgasta-nos o rosto
-, para quem ela não é /sempre a desejada,
Levemente decepcionante, que para o solitário coração
Se impõe penosamente.
Ela é mais leve para os amantes?
Ah! Eles escondem apenas um com o outro a própria sorte.
Não o sabes ainda?
Atira dos braços o vazio
Para os espaços que respiramos;
talvez que os pássaros
Sintam o ar mais vasto
num vôo mais íntimo.
Sim, as primaveras precisavam de ti.
Muitas estrelas esperavam que tu as percebesses.
Do passado erguia-se uma vaga aproximando-se,
ou ao passares sob uma janela aberta,
Um violino se entregava.
Tudo isso era missão.
Mas a levaste ao fim?
Não estavas sempre
distraído pela espera,
como se tudo te ansiasse a bem amada?
(onde queres abrigá-la então,
se os grandes e estranhos pensamentos
entram e saem em ti
e muitas vezes ficam pela noite.)
Se a nostalgia te dominar, porém,
cantas as amantes;
muito ainda falta
para ser bastante imortal
seu celebrado sentimento.
Aquelas que tu quase invejaste,
as desprezadas, que tu achaste
muito mais amorosas que as apaziguadas.
Começa sempre de novo o louvor jamais acessível;
Pensa: o herói se conserva,
mesmo a queda lhe foi
apenas um pretexto para ser:
o seu derradeiro nascimento.
As amantes, porém,
a natureza exausta as toma
novamente em si,
como se não houvesse duas vezes forças para realizá-las.
Já pensaste pois
O bastante para que alguma jovem,
A quem o amante abandonou,
diante do elevado exemplo dessa apaixonada,
sinta o desejo de tornar-se como ela?
Essas velhíssimas dores afinal não se devem tornar
Mais fecundas para nós?
Não é tempo de nos libertarmos,
Amando,
do objeto amado e a ele tremendo
resistirmos
como a flecha suporta à corda,
para, concentrando-se no salto
ser mais do que ela mesma?
Pois parada não há
em parte alguma.
Vozes, vozes.
Escuta, coração
como outrora somente os santos escutavam:
até que o gigantesco apelo levantava-os do chão;
mas eles continuavam ajoelhados, inabaláveis, sem desviarem a atenção:
eles assim escutavam.
Não que tu pudesses suportar a voz de Deus, de modo algum.
Mas escuta o sopro,
a incessante mensagem que nasce do silêncio.
Daqueles jovens mortos sobe agora um murmúrio em direção a ti.
Onde quer que penetraste, nas igrejas
De Roma ou de Nápoles,
seu destino não falou a ti, tranqüilamente?
Ou uma augusta inscrição não se impôs a ti
Como recentemente a lousa
Que eles querem de mim?
Lentamente devo dissipar
A aparência de injustiça que às vezes dificulta um pouco
O puro movimento de seus espíritos.
Certo, é estranho não habitar mais terra,
Não mais praticar hábitos ainda mal adquiridos,
Às rosas e outras coisas especialmente cheias de promessas
Não dar sentido do futuro humano;
O que se era, entre mãos infinitamente cheias de medo
Não ser mais,
e até o próprio nome
Deixar de lado como um brinquedo quebrado.
Estranho, não desejar mais os desejos.
Estranho, ver tudo o que se encadeava esvoaçar solto no espaço.
E estar morto é penoso
e cheio de recuperações, até que lentamente se divise
Um pouco da eternidade.
- Mas os vivos
Cometem todos o erro
de muito profundamente distinguir.
Os anjos (dizem) não saberiam muitas vezes
Se caminham entre vivos ou mortos.
A correnteza eterna
Arrebata através de ambos os reinos
todas as idades sempre consigo
e seu rumor as sobrepuja em ambos.
Finalmente não precisam mais de nós os que partiram cedo,
Perde-se docemente o hábito do que é terrestre,
como o seio materno suavemente se deixa, ao crescer.
Mas nós que de tão grandes mistérios precisamos,
para quem do luto tantas vezes o abençoado progresso se origina
- : poderíamos passar sem eles?
É vã a lenda de que outrora, lamentando Linos,
A primeira música ousando atravessou o árido letargo,
Que então no sobressaltado espaço,
do qual um quase divino adolescente
escapou de súbito e para sempre,
- Primeira Elegia das "Elegias de Duíno", de Rainer Maria Rilke, vulgo "o cara".
'
terça-feira, 22 de abril de 2008
domingo, 20 de abril de 2008
sábado, 19 de abril de 2008
terça-feira, 15 de abril de 2008
domingo, 13 de abril de 2008
Ao longe uma caravela…conta odisseias,
Carrega com ela, sonhos feitos ao luar
Marinheiros perdidos, ouvem canto das sereias
Escrevem nas estrelas, saudades…desejos no mar
Leva-me no teu rastro
A minha alma quero encontrar…
Ela, que só brilha longínqua naquele astro
Assim eu, que canto ou choro, poderei por fim, repousar
Entre ventos, tormentas do que somos
Tornou-se um estranho, o sonho sem se ver
Numa ilha por vezes habitada do que fomos
Desejos…que não precisam de morrer
(Lúcia Machado)
Daqui. Nada como copiar criatividade alheia.
Estranho isso, de como idéias surgem.
'
terça-feira, 8 de abril de 2008
Relatório: Terça, 8 de abril de 2008
Senhores, estamos em mar aberto. Aliás, bem aberto. Portanto, qualquer especulação a respeito de localização e destino torna-se inútil agora, e deve ficar assim por um bom tempo. É melhor para mim e para os senhores. Seja como for, estamos e ficaremos bem, fiquem tranqüilos.
Agora com licença que hoje a tripulação está comemorando o dia de São alguma coisa, e temos absolut, absolutamente. Até mais ver e manteremos contato.
'
domingo, 6 de abril de 2008
Céu e Inferno
A academia te treinou bem
Ferro em brasa queima menos
A academia te tratou bem
Ferro em brasa queima menos
Mas no fundo
do fundo
do fundo
Ainda arde
'